Corações enganados

Cansei dessas falsas histórias de amor. Completas e inúteis ilusões. Se estiver no programa, você encontrará o amor de sua vida. Tudo programado, tudo falso. Cansei de chorar por um amor que nunca chegará, um amor que nunca chegou em mim. Tantas melodias, iludindo as mentes de fé, que crêem no amor que se aproxima. Bando de enganados. Esse amor eterno que você sonha não vai chegar, a não ser que seja um selecionado. Seleção do cupido. Que atira a sua flecha apenas uma vez. Amores enganados. Mentes e corações enganados. Amor eterno, até o seu fim certeiro. 

hospice

Estou vivendo em mundo de loucos. Coloquem a minha camisa de forças e me levem para o hospício. Dêem-me as drogas. E deixem todos esses outros loucos distantes de mim. Não me perguntem quem eu sou, e nem de onde venho. Não me faça cuspir nas suas caras, obedientes dos estereótipos. Vocês que são mais loucos do que eu. Não me façam poupar as minhas palavras. Apenas me prendam nas grades desse hospício abandonado, de onde todos os loucos fugiram. Estão vivendo como pessoas normais. Deixe-me longe de todos eles. Nesse hospício onde tem apenas pessoas normais, e aonde nenhum outro louco irá se aproximar de mim. Apenas a minha própria loucura. 

ancient views

Todos se foram, como todos se vão sempre. Talvez seja meu drama em meus momentos de crise particular. Mas não tem nada aqui. E eu busco ansiosa por aquelas vozes que antes me animava. Como se eu tivesse me tornado apenas mais um zero após a virgula da vida das pessoas. Não traz diferenças. Talvez seja apenas uma visão errada, como tantas, da realidade. Mas aqueles abraços e aqueles beijos que sugavam toda a minha alma se foram, para sempre. E você, como tantos, tornar-se-á apenas uma lembrança em uma vida futuramente conturbada. 

frozen feelings

Silencio. Os meus pensamentos se calam, se é pra falar de você. E em seguida você se torna o motivo de todos eles. Faz-me calar, apenas a tua presença. Sentimentos que acumulam na mente, pois não mais sei me expressar. Tanto tempo passou e você ainda me causa confusão. Sentimento que foi paralisado pelo choque da perda. Permaneceu em um estado físico que já não sai sorrisos, nem dor. O amor se congelou, junto com todos os meus sorrisos, todas as minhas lágrimas e todas as minhas palavras. Congelou a minha inspiração. E congelou os meus ferventes pensamentos. 

Time machine

Está tudo fora do lugar. Não era assim que eu queria, ou planejei. Tudo monótono, na minha vida meio morta. E a minha vida que se tornou o filme repetido a cada vez que fecho os olhos. No meu espelho, eu já não me reconheço. Não reconheço essa vida, e nem esse lugar. Procuro pelos braços que possam me confortar, como uma criança com medo do mundo. Eu nunca deixei de ser criança. Eu entrei numa máquina do tempo, que me trouxe pra cá. Eu não podia prever que seria assim. Os planos eram outros, e segundo os meus cálculos, era pra eu estar em uma outra forma, em um outro lugar. Não é preciso máquina do tempo, pois o futuro está logo ali. Já estamos no futuro. Tão inesperado futuro. 

O tempo

Tanto tempo se passou. Um tempo que eu não queria que passasse. Já não quero seguir em frente. Se eu pudesse voltaria atrás nessa minha história. Retornar àquela velha casa em que corria de pés no chão. Voltaria para o mundo perfeito, em que tudo era apenas sonho. Mas chegou o tempo do meu sonho. E não é bem aquilo que eu imaginava. O tempo passou pra mim, e passou pra todas as pessoas. Eu ainda tenho muito tempo, mas não tenho esse tempo. Não somos mais aquelas crianças felizes. As memórias já são fracas em todas as mentes. Eu não tenho mais tempo. Não tenho o melhor dos tempos. 

Lembranças roubadas

Um calor que sobe para o rosto, queimando os meus olhos mais uma vez. As vozes continuam ecoando em minha mente, a me assombrar. Vozes que lançam incontroláveis os seus palpites. Eu já não posso me mover. O meu estado vegetativo. O filme da minha vida que passa por trás das minhas pálpebras a cada vez que fecho os olhos. Uma vida que nem parece ter sido vivida por mim. Sendo apenas lembranças roubadas de um eu desconhecido.